A Sociologia e o mal da terceirização
Se a Sociologia é a ciência que estuda a sociedade e seus meandros sempre em mutação, naturalmente ela não deve se esquivar do tema em análise no Congresso Nacional e que vem dividindo opiniões: o mal da Terceirização.
Ao longo da história brasileira o trabalho sempre foi epígrafe de estudo, debate, conversas, projetos e repetidas práticas políticas ora favoráveis ao empregado, ora em seu desfavor.
No Brasil desde a chamada "Era Vargas", as reformulações no campo trabalhista empreendidas pelo então Presidente Getúlio Vargas mexeram com o imaginário popular de tornar possível a construção de um país pujante, próspero e igualmente justo e feliz.
Uma busca constante acompanhou as mudanças na economia e na política do país nas últimas décadas e um só desejo: de como conjugar os interesses de empresários ou patrões e ao mesmo tempo garantir os direitos sacrossantos da massa trabalhadora.
Contudo a crise econômica e o desajuste atual das contas públicas trouxeram um remédio amargo para o país mergulhado numa profunda crise, sem precedentes na história trazendo um mal irremediável, a terceirização.
Nem de longe a troca nefasta do trabalho digno, da carteira assinada, do seguro desemprego e outras facetas conquistadas com muito esforço será facilmente aceita pela terceirização como meio mais rápido de conquistar mão de obra barata em detrimento à legislação trabalhista em vigor.
Certamente compreendemos que a terceirização é uma realidade, entretanto não podemos desconsiderar que a provação do projeto tal como em andamento nas duas casas do Congresso Nacional ferem de morte diversos direitos assinalados na Constituição de 1988.
O mal da terceirização trará desdobramentos inexplicáveis à relação do trabalho em todo o país, pois, estender a possibilidade da terceirização à todas as atividades fins e não apenas as atividades meio será sem dúvida assinar um cheque em branco, ou mesmo um cartão sem limites para a "fulanização" da mão de obra tida como "especializada".
Jamais podemos desmerecer sociologicamente falando e de forma imparcial que a terceirização tem sido uma mão na roda para algumas áreas que sofriam historicamente entraves e viram neste meio de contratação uma via de escape, um respiro, uma luz no fim do túnel
Mais uma coisa é indubitável que não podemos nos calar diante da farra que pode advir deste projeto de terceirização, incluindo as atividades fins, pois, certamente seria o óbito anunciado do instituto do concurso público, da mão de obra especializada, da meritocracia enfim da CLT.
Acompanhemos par a passo essa votação e a tramitação do projeto e torçamos para que seja encontrada uma solução plausível entre governo e entidades sindicais a fim de que não venhamos a chorar depois do leite derramado, ou seja, quando sepultarmos de vez as conquistas sofridas do trabalhador em nome de um projeto de governo e não de "Estado".
*Artigo escrito por Carlos Ferreira da Silva, graduando do Curso de Sociologia pela Universidade Paulista – Pólo Patos, Paraíba.