Os altos índices de violência são avassaladores e adoecem o tecido social.
Esta afirmativa me veio em mente ao passear no noticiário jornalístico televisivo num simples trocar de canal, uma enxurrada de sangue e dor esvaia da tela, tomando corpo, saindo do virtual ao real num piscar de olhos.
A Sociologia como ciência que procura desvendar todos os emaranhados da convivência em comunidade não pode fechar os olhos para a triste realidade da violência que grassa assustadoramente diante de nossos estupefatos olhos.
Aliás, seria inútil a tentativa de ocultar aquilo que se coloca às claras como uma chaga aberta e de difícil cicatrização do tecido social num emaranhado tenebroso que faz fenecer vidas e sonhos diuturnamente.
Não são poucas as histórias de vítimas da escalonada e crescente violência que migra dos grandes centros e chega até os mais remotos rincões do país.
Ao cruzar uma ponte, atravessar uma rua, ou se dar ao luxo de ficar inerte na parada do ônibus, ou mesmo uma pacata caminhada todos inexoravelmente são presas fáceis deste emaranhado de violência e morte.
Uma das coisas que todo sociólogo e eu em breve serei um deles adora são pesquisas, dados empíricos, experimentos sociais, por isso fico sempre alerta a tais métodos no que tange ao tecido social e o emaranhado da violência.
Embora não seja afeito à matemática não posso desmerecer que os índices de violência, inclusive na realidade mais próxima, a saber, a cidade de Patos toma proporções cada vez mais incalculáveis.
O chão pintado de vermelho, com o sangue principalmente de jovens pobres, negros, de pouca instrução e, por vezes envoltos no submundo do narcotráfico é um grito ensurdecedor para a nossa sociedade e que cala fundo na consciência de uma nação fragilizada, vulnerável e caótica.
Parece surreal, mas vemos a violência adoecer nosso convívio social, aprisionar nossas famílias, construir muros e cercas ao redor de nossas casas e tudo isso nos tira a capacidade de indignação, nos paralisa e congela pelo medo ou pior pelas estatísticas frias.
Como uma metralhadora que dispara para todos os lados, o emaranhado da violência com seus múltiplos tentáculos abarcam o tecido social, sem direito à defesa e sem oportunidade de mudança da realidade, sem perspectivas de futuro, sem ao menos apontar uma luz no fim do túnel.
*Artigo escrito por Carlos Ferreira da Silva, graduando do curso de Sociologia pela Universidade Paulista - Polo Patos-PB.